Barão de Ayuruoca

Nasceu em São João Del Rei, MG, em 03 de dezembro de 1782, 10º de 14 filhos do Sargento-mor José Leite Ribeiro e de Escolástica Maria de Jesus: José Leite Ribeiro, nascido em 02 de dezembro de 1764 na Fazenda Patrimônio, Freguesia de Aiuruoca, MG.; Capitão Manoel Ferreira Leite, nascido em 1766 e faleceu por volta de 1821; Ana Maria Leite Ribeiro, nascida em 1768, faleceu por volta de 1811; Padre João Ferreira Leite, nasceu em 14 de julho de 1769, faleceu em 12 de junho de 1840, Cavaleiro da Ordem de Cristo; Capitão-mor Joaquim Leite Ribeiro, nascido em São João Del Rei, batizado na capela Madre de Deus em 27 de dezembro de 1772 e faleceu no Rio de Janeiro em 17 de março de 1809. Fundou Barra Mansa junto com seu irmão, Custódio Ferreira Leite, Barão de Aiuruoca; Capitão Antonio Leite Ribeiro, nascido em São João Del Rei em 1773, faleceu em 16 de maio de 1848 na Fazenda Ribeirão Fundo, São João Del Rei; Maria Custódia Assunção Leite Ribeiro, nasceu em São João Del Rei em 1776, faleceu em 1820; Capitão de Ordenanças Francisco Leite Ribeiro, nascido em 13 de agosto de 1780, falecido em Barbacena, 16 de maio de 1844. Em 19 de outubro de 1842 foi elevado a Comendador da Ordem Imperial da Rosa pelos relevantes serviços prestados na pacificação do levante de 1842, em Minas Gerais; Francisca Bernardina do Sacramento Leite Ribeiro, Baronesa de Itambé. Nascida em São João Del Rei, MG, em 04 de junho de 1781, faleceu em Vassouras, RJ, 06 de setembro de 1864; Domingos Ferreira Leite, nascido em 10 de abril de 1783 e faleceu ainda estudante no Rio de Janeiro em 1801; Teresa Leite Ribeiro, nascida em 11 de agosto de 1784 e faleceu recém-nascida; Comendador e então Capitão Anastácio Leite Ribeiro, nascido em 15 de agosto de 1787, obtendo em 1818 sesmaria na Província de Minas Gerais (Livro 379, fls. 75, Arquivo Público Mineiro, Ano V); Capitão Floriano Leite Ribeiro, nasceu em São João Del Rei, MG, em 01 de março de 1790 e faleceu em Conservatória, distrito de Marques de Valença em 03 de maio de 1871.

O Coronel Custódio Ferreira Leite, faleceu na fazenda Louriçal em 17 de novembro de 1859 e em 1959, os seus restos mortais foram transferidos para o cemitério de Nossa Senhora das Mercês, na Cidade de Mar de Espanha, MG. Foi uma das mais lendárias figuras do Vale do Paraíba.

Bacharel em Direito, Fazendeiro, Capitão-mor, Major e Coronel da Guarda Nacional e por Decreto de 14 de maio de 1855, recebeu do Imperador D. Pedro II, o título de Barão de Ayuruoca, pelo seu desprendimento em prol do desenvolvimento do Vale do Paraíba, construindo estradas, escolas, templos e monumentos; Comendador da Ordem de Cristo em 14 de março de 1855. Tanto o Imperador D. Pedro I, como seu filho, D. Pedro II, o distinguiam com uma particular amizade.

Afonso Taunay, em “História do café no Brasil”, diz que “o grande promotor do êxodo da família “Leite Ribeiro”, foi o Barão de Ayuruoca, de cuja atuação como propagandista da lavoura de café, já largamente falei em meus subsídios para a História do café no Brasil Colonial. Primeiro esteve no Turvo em terras de Barra Mansa, com o irmão Manoel. Passou-se depois à Piraí e Vassouras, com seus jovens sobrinhos José Eugênio e Francisco José Teixeira Leite, filhos de sua irmã Francisca, Baronesa de Itambé. Freqüentou depois Valença, onde se afazendaram seus irmãos Floriano e Anastácio, este em Conservatória. Ele próprio se estabeleceu em Mar de Espanha, tendo ao lado o irmão Francisco Leite Ribeiro”.  

 Fixou-se com a família, criados e escravos nas margens do Rio Paraíba, tendo plantado café e para facilitar a independência administrativa, doou não somente os terrenos em que deveria ser erigida a Vila de Barra Mansa, como também reservou grandes áreas, nas proximidades destinadas a serem oferecidas gratuitamente aos colonos que nelas desejassem se fixar e assim, em 03 de outubro de 1832, foi criado o município de Barra Mansa, o qual fundou com seu irmão Joaquim Leite Ribeiro.

Liberal por convicção e ordeiro por princípios, exerceu cargos eletivos no local de domicílio e só a custo aceitou o Título de Barão, depois de muita insistência de seus amigos, os Marqueses de Lages e Paraná e de seu sobrinho, o Marques de Valença. Nunca quis sair de sua modesta posição e relutou aceitar assento na Assembléia Provincial de Minas Gerais, no biênio 1858/1859, onde era ouvido e acatado. Morreu pobre, não por ter vivido no luxo e loucas prodigalidades, pois era de simplicidade espartana, ocupando modesto aposento na sua casa, sempre aberta aos transeuntes e sua mesa sempre receptiva a todos. Vítima, em parte, de sua generosidade, da ingratidão de alguns abusando de seu magnânimo coração e da ruína de seus cafezais extensíssimos, em conseqüência de violenta chuva com granizo, desmoronou-se em pouco tempo sua grande fortuna e então teremos a explicação da ruína dessa gigantesca fortuna, cujos restos serão apenas suficientes para satisfazer aos seus credores.

Quem visse o Barão de Ayuruoca sempre em viagem, com o chapéu repleto de papéis, trajando com a maior simplicidade, diria que era um desses modernos industriais ou eternos empresários, que buscam privilégios ou acionistas para sonhadas companhias, cuja única utilidade só por eles pode ser compreendida. Nada disso, o que arrojava o venerando ancião através das chuvas torrenciais e caminhando pelas estradas, eram alheios negócios, interesses de parentes, amigos e conhecidos, era uma espécie de procurador geral dos necessitados de caridade. Narraremos a seguir dois acontecimentos relatados por testemunhas que o conheciam.

Costumava pousar em suas peregrinações numa pobre casa situada à beira da estrada, onde era sempre bem vindo, mas aconteceu que um dia achou a família em prantos, triste e abatido seu chefe, e perguntando a causa de semelhante melancolia, soube que por atrasos de seu pequeno negócio, o dono da casa deveria sofrer penhora no pouco que nela havia, expondo ficar sua mulher e filhos à mendicidade. Ouvindo isso, o Barão de Ayuruoca, montou à cavalo e poucas horas depois voltou, trazendo as letras por ele pagas, que graciosamente entregou a um dos filhos do casal.  

Outro fato que aconteceu na vida do nosso homenageado, foi quando um cavaleiro indo ao seu encontro, rogou-lhe encarecidamente que fosse ver sua mãe, que muito desejava falar-lhe. Como de costume, Custódio Ferreira Leite rendeu-se às súplicas e chegando ao lugar indicado encontrou-se com a aflição de uma triste viúva, a quem um ávido genro obrigava a vender os últimos bens, para entregar-lhe a herança de sua mulher. Nesta época já se desmoronava a sua fortuna e os seus compromissos eram consideráveis e ao chegar ao Rio de Janeiro, comprou um bilhete de loteria, o qual foi o premiado e após resolver os negócios que o levaram àquela Cidade, voltou à casa da viúva e integralmente entregou o prêmio a que fizera jus, e em seguida retornou a sua viagem.

À vista destes dois casos que foram narrados por testemunhas que tiveram a ventura de conhecê-lo, podemos afirmar que são vultos assim que honram a tradição de um povo.



   

 Embora pobre, esse mineiro austero e fundamentalmente bom, jamais deixou de praticar a caridade.

Sua mesa era franca aos viajantes, seu teto abrigava com generosa hospitalidade o extraviado e noturno peregrino. Nos dias de sua opulência nunca ninguém recorreu em vão ao seu cofre, e as lágrimas da viúva e do órfão, não raro foram enxugadas por suas caritativas mãos. 

Construiu as Catedrais de Barra Mansa, Areal, Conservatória, Valença, Sapucaia, Mar de Espanha e Vassouras; Deputado Provincial de Minas Gerais; Possuía a Comenda da Imperial Ordem de Cristo; casou-se em 26 de outubro de 1811 com a Sra. Tereza Maria de Magalhães Veloso, com a qual teve 3 filhos, José Custódio, Francisco Galdino e Antonio de Pádua Ferreira Leite.

Abriu a chamada Estrada da Polícia, que do Município de Iguaçu se dirigia à Província de Minas Gerais. Administrou os trabalhos da estrada de Sapucaia a Feijão Cru, hoje Leopoldina. Participou também da construção da estrada de Magé a Mar de Espanha, passando por Sapucaia, conhecida como estrada do Couto e também da ponte sobre o Rio Paraíba no trajeto dessa estrada. Cuidou da reconstrução em 1821 de outra travessia do Rio Paraíba, em Desengano, no caminho de Valença para Itaguaí.

Seu nome se estende por todo o Vale do Rio Paraíba, onde criou a Vila de São João Nepomuceno e cuidou de posterior transferência para o arraial de Nossa Senhora das Mercês do Cágado, com a denominação de Mar de Espanha, e muito concorreu  para a criação da Vila de Vassouras, em 1833, onde com a ajuda do sobrinho, Francisco José Teixeira Leite, futuro Barão de Vassouras, construiu a Estrada de Ferro que Ligava aquela Cidade ao sul fluminense. Foi um dos mais notáveis pioneiros do café em terras fluminenses na época imperial, abrindo grandes lavouras nas terras do Vale do Paraíba, na “mata do rio”, como então todos diziam.

Foi sempre e em todos seus procedimentos, coerente ao lema que escolheu para nele pautar sua vida: TRABALHO, PATRIOTISMO E CARIDADE.

As memórias históricas do Município de Vassouras, escritas em 1852 por Alexandre Joaquim de Siqueira apresentam autorizada referência à Custódio Ferreira Leite.

Dizem textualmente:

“A Matriz, sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição, começou a ser edificada a 08 de janeiro de 1828, pelo Coronel Custódio Ferreira Leite que, com o produto de uma subscrição agenciada pelo Comendador Francisco José Teixeira Leite, concluiu a capela-mór no ano de 1829, tendo despendido com aquela fábrica a quantia de R$7:000$000.”

Francisco José Teixeira Leite, mais tarde Barão de Vassouras, em 1871, filho dos Barões de Itambé, era um dos sobrinhos trazidos por Custódio Ferreira Leite, de São João Del Rei, para cultivar café no Vale no Paraíba.

Já no precioso documento histórico que é o relato da administração municipal de Joaquim José Teixeira Leite, outro sobrinho de Custódio Ferreira Leite, apresentado em Sessão Ordinária na Câmara Municipal em 07 de janeiro de 1849, constara referência à edificação da Matriz.

Diz que:

“No ano de 1830 foi benta pelo Vigário da Vara por mandato do Bispo do Rio de Janeiro, a Igreja começada a 08 de janeiro de 1828, por meio de uma subscrição promovida entre os moradores vizinhos do lugar”.

Estes são os antigos e abalizados registros que indicam o 08 de janeiro de 1828, como a data inicial de construção do histórico Templo Católico na Cidade de Vassouras e o nome de Custódio Ferreira Leite, como seu patrocinador e primeiro Juiz.

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